Fui palestrar em um evento direcionado a pessoas que querem empreender, mas ainda buscam mais respostas às suas dúvidas e anseios. A resposta que vale milhão é aquela que indica a melhor franquia a se investir, com garantia de sucesso e, de preferência, que custe barato e retorne o investimento rápido.

Provoquei uma autoanálise entre os participantes, já que as análises seguem sobre o negócio, setor, papel do franqueador, mix de produtos, mercado e muito pouco sobre o que se quer e porque quer investir e empreender. O que você quer e porque fazem toda a diferença em no que investir.

Não é a primeira vez que, neste espaço, comento sobre expectativas que um candidato a franquias deve e pode ter, ao buscar opções de negócios. Mas, há aquelas que estão longe de serem atendidas como qualidade de vida, não dar satisfação a ninguém, ser o dono do próprio tempo e espaço, assim como das decisões a fazer 100% tempo, liberdade de horário e fazer as cosas à sua moda e gosto. Isso não é quer e ser um franqueado! No mínimo, trata-se de uma crise existencial, não saber o que fazer com a própria vida.

Demos muitas risadas com estas minhas ideias e afirmações, mas é preciso promover um choque de reflexão. Ser dependente e carneirinho de franqueador, também não serve.

Então, como saber se você tem perfil para ser, ou não um franqueado? Ou se você deveria montar um negócio independente? E há, ainda, a chance de você pensar em continuar no seu emprego e ser um empreendedor corporativo, trazer lucro para sua empresa e se sentir realizado assim.

Pedi que os executivos recém desligados de empresas, que vestem ternos ou roupas mais sociais repensassem seus planos atuais em empreender. Mostrei fotos de pessoas de vários tipos e roupas, do executivo ou empresário de terno, ao Zé lojista de camisa de manga curta, o de camiseta polo e várias personas femininas e pedi que imaginassem se despir daquela vestimenta formal, clássica ou da moda que apenas altos salários compram. E parece que doeu. Parece que estão arrancando a própria pele ao tirar aquela roupa que os define profissionalmente e, no dia seguinte à assinatura de um cheque gordo de taxa de franquia, passam a ser donos de suas franquias e podem passar a vestir camiseta.

Camiseta e jeans? Só era gostoso quando não podiam, ou quando era casual Friday. O time, o chefe e as reuniões pouco produtivas que tanto reclamavam...que saudade. Os subordinados mudaram demais! Eram pouco menos competentes que eles. Agora, “mal sabem ler e escrever um bom português”. E nem se dão conta que vendedores de loja não fazem redação e, os que atingem todas as metas, nada escrevem. Vendem e anotam as peças vendidas e passam para o Caixa.

Resumindo, há quase 30 anos lido com o cenário de transição de quem tem um negócio e quer uma rede de negócios, um executivo que quer empresariar, do empresário que sente saudade dos tempos de faculdade e tinha sonhos, do funcionário público que quer mudar de vida e não sabe como e tem pouca coragem para jogar tudo pra cima e do aluno de cursinho que ia prestar vestibular, com a certeza da carreira que queria ter e hoje estava lá,na palestra, fazendo tudo diferente do planejado há 29 anos atrás e me abordou ao final: “Professora, você me deu aula e hoje vim buscar suas palavras e conhecimento de novo. Estou inseguro do quefazer.” E rolou um abraço de emocionar todos em volta, com a certeza de que muitos ali compartilhavam a mesma ansiedade e a busca pela resposta de um milhão, que começa pela autoanálise de seu perfil, expectativas e do que está disposto a se despir e deixar para trás.

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