As empresas que promovem ações e soluções que transformam a realidade de pessoas e comunidades vulneráveis, em geral no seu entorno, propiciam que se sobressaiam, em seus times, os que têm em suas veias o empreendedorismo social.
Os que criam empresas cujo maior impacto são melhorias na sociedade são os empreendedores sociais de que, um dia, talvez, vamos ouvir falar. Então, há quem surfe na boa onda social da empresa em que trabalha e há quem crie um mar de oportunidades para que as iniciativas de boas ondas surjam.
Interessante, ainda que triste, observar que as iniciativas nascem em cima de um problema comum, uma necessidade, uma carência, uma doença.
Solução é a palavra de ordem. E não depender de doações é o grande, se não o maior, desafio.
Várias entidades do terceiro setor nascem para solucionar questões de educação, desenvolver habilidades físicas e/ou mentais, inclusão social, entre tantas outras e conseguem impactar centenas de pessoas fazendo uso de modelos de gestão empresariais, que possibilitam replicar o modelo de forma padronizada, estruturada, gerando empregos e com receitas vindo da venda de produtos e serviços. Isso é uma franquia social, que tem como objetivo de lucro o impacto social e o valor agregado a uma sociedade.
Por quantos anos o tema franquia social atraiu atenção, aliada ao medo de ser mal vista por que franquia empresarial visa lucro em cima de venda de produtos? Quanto me dediquei a explicar a diferença entre os termos empresarial e social? Que se podemos replicar um modelo de negócio de sucesso, por que não de uma associação que transforma, melhora e torna menos vulnerável a vida de tantas pessoas? Que gestão RSE não é o mesmo que ação social, tampouco empreendedorismo social?!
Você faz parte da geração que viu o marketing social das empresas que mais queriam parecer bonitas na fita que impactar socialmente a sociedade? Por isso que o “socialmente falando e praticando” fica quase tão vulnerável quanto as pessoas que querem transformar profundamente a condição de indivíduos e comunidades, com o devido suporte e prestando contas do que fazem à mesma sociedade que questiona, duvida e não se envolve.
Situações de fragilidade tendem a ser locais, mas similares em inúmeras regiões, portanto a solução deve ser escalável, sendo possível via franquia social, conforme previsto no artigo 2º da Lei nº 13.966, de 26 de dezembro de 2019: “A franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem fins lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades”.
O empreendedor social pode vir a ser um franqueado social, porém cabe uma análise delicada. Ser ativista social (inspirador, técnico ou agregador) torna as causas possíveis de serem reconhecidas e trabalhadas e, quando um grupo de humanos, animais ou plantas é ameaçado, ele “larga tudo” para ir salvar, resolver. Trata-se de uma ação individual vislumbrando a possibilidade de uma ação coletiva. Franqueado social tem que “tocar a lojinha”, entendeu?
A causa há de ser tão importante quanto o impacto, portanto um líder ativista, por si, não é franqueável. A forma como ele lida, transforma, impacta, compartilha e ensina é o modelo socialmente franqueável de sua atuação.
ONGs se tornam franquias sociais após um profundo projeto de estruturação e formatação com os pilares de governança corporativa, conselho de administração e tudo o mais que o mundo corporativo nos ensina de bom!
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